quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Faltas

Quem sou eu?!
Quem és tu?!
Tu só existes como projeção do meu avesso,
O avesso onde não és,
E onde, de fato, também não sou,
O avesso que se define num nada por trás de mim,
Minha deliciosa possibilidade de não ser,
Se não fosse o teu nada, me serias indiferente,
Enfim, somos os avessos de duas ilusões,
E transformamos o sublime nada no paraíso de nossas efêmeras paixões,
Loucos, gozamos em nossos avessos, gozamos onde não somos,
E eu te amo!
Te amo onde encontro a minha falta,
E te odeio porque a tens...
Na verdade, nos enganamos, e nos vemos presos na armadilha de deus...
Ah, deus, esse ser mitológico que nos produziu para o não gozo, ou para o seu próprio gozo...
Nos transformando em brinquedo para a sua eternidade,
E o ódio que me faz te amar, ilusoriamente me completa,
A ilusão do amor, engendrada por ele (o dito deus), me define eternamente teu,
Isso quer dizer que te amo?!
Sim, eu te amo!
Eu te amo porque, docemente, denuncias a minha falta!
Sim, eu te amo!
Eu te amo exatamente onde não sou, e nunca serei,
E onde tu...
Tu jamais poderás existir.

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