Para Bruno e Dom

Como está longe meu país...

Longe da ética,

Tão afastado da nobreza de ser,

Longe do amor,

Tão embevecido de ganância e ódio,

Longe da vida,

Tão perto da morte dos filhos do homem...

Mas a ignorância e a maldade hão de sucumbir...algum dia...

Ah, sim, hão de sucumbir!

Humilhadas, esquartejadas e queimadas,

Queimadas como o joio, depois de separado do trigo,

Como um dia sugeriu aquele Um...

Para que, enfim, encontremos nosso rumo,

Para que renasça o Dom da vida,

Para que o sol brilhe forte sobre as montanhas, as florestas e as cidades,

Naquele lugar bem ao Sul, no hemisfério Sul,

Onde os Brunos habitantes tropicais queimados,

Agora sim, do sol desta Terra, possam finalmente,

Comungar e sorrir.

Grilhões do Brasil

Ruíram novo império,

Jovem império tropical,

Império tropical do Brasil,

Assumiu a Ditadura Militar,

Armada desgostosa do tratamento dispensado?! Talvez!

Uniu-se o jovem exército aos velhos senhores da terra,

Terra aviltada desde sua invenção,

E o povo?! Mistura do mundo...

Filhos da terra nos grilhões,

Mas que povo?! - sempre além e aquém!

E a nova ordem se faz travestida de República,

Mãos de ferro, marechais de ferro,

Militares generais, no fio do tempo,

Povo ao longe, alheio à própria história,

Protagonismo travestido,

Ora se mostra e diz ao que veio,

Ora permanece nas sombras...permanece...

Manobra de cordões, manejo de grilhões,

E amalgama, molda,

Terra de Santa Cruz,

Filhos crucificados nas periferias, quilombos e florestas,

Filhos servidos...em banquete de elite,

Eterna e Vera Cruz - Brasil

DAS CHRISTUS

Num certo sentido, 

Talvez sem nenhum sentido para alguns,

Para além do monoteísmo ascendente,

O cristianismo foi revolucionário,

E ainda o é, mesmo sem o saber...

Na medida em que traz amor ao caos de Yavé,

E é completamente ateu...

Ousou destituir o próprio Deus,

Naqueles dias o Grande Outro do judaísmo, 

Para sempre negado, substituído pela carne humana, 

Deixou de existir...