ASSASSINATOS NO PLANALTO CENTRAL, A FÚRIA DO RECALQUE

 

Terra Brasilis, cidade monumento, Brasília,

Patrimônio da humanidade,

Invadida por homúnculos,

Hordas do submundo fascista cometem crimes,

Tentativas de assassinatos de ilustres brasileiros,

Di Cavalcanti...golpeado,

Roberto Burle Marx...golpeado,

Oscar Niemeyer...golpeado,

Sérgio Rodrigues...golpeado,

E um ex-presidente...golpeado,

...este já assassinado pela Ditadura Militar, Juscelino Kubitschek,

Mas o massacre se propunha, na verdade, a ir mais além,

Tentativas de assassinato da história, da arte e da cultura brasileiras,

Quando se tenta assassinar a cultura, a história e a arte de um povo,

Tenta-se assassinar esse mesmo povo,

Depois do falso Messias assassinar mais de 700.000 cidadãos,

Mas preste atenção, pois assassinaram, de fato,

Naquele dia fatídico...

A mulata...golpeada a golpes de faca,

O verde das matas...golpeado,

A arquitetura modernista...golpeada com paus e pedras,

A bossa nova e a MPB...golpeadas pelo mau gosto e a deselegância,

O design brasileiro...golpeado a golpes de machado,

A fraternidade com o mundo...golpeada com a destruição de presentes raros,

A delicadeza e a elegância...golpeadas com merda na sala,

A horda ressurgiu...o nazifascismo ressurge,

Camisas verdes, o integralismo recalcado ressurgiu no Brasil,

A democracia...golpeada no ataque a suas estruturas.

O retorno do recalcado...

Anistia Jamais!

Para Bruno e Dom

Como está longe meu país...

Longe da ética,

Tão afastado da nobreza de ser,

Longe do amor,

Tão embevecido de ganância e ódio,

Longe da vida,

Tão perto da morte dos filhos do homem...

Mas a ignorância e a maldade hão de sucumbir...algum dia...

Ah, sim, hão de sucumbir!

Humilhadas, esquartejadas e queimadas,

Queimadas como o joio, depois de separado do trigo,

Como um dia sugeriu aquele Um...

Para que, enfim, encontremos nosso rumo,

Para que renasça o Dom da vida,

Para que o sol brilhe forte sobre as montanhas, as florestas e as cidades,

Naquele lugar bem ao Sul, no hemisfério Sul,

Onde os Brunos habitantes tropicais queimados,

Agora sim, do sol desta Terra, possam finalmente,

Comungar e sorrir.

Grilhões do Brasil

Ruíram novo império,

Jovem império tropical,

Império tropical do Brasil,

Assumiu a Ditadura Militar,

Armada desgostosa do tratamento dispensado?! Talvez!

Uniu-se o jovem exército aos velhos senhores da terra,

Terra aviltada desde sua invenção,

E o povo?! Mistura do mundo...

Filhos da terra nos grilhões,

Mas que povo?! - sempre além e aquém!

E a nova ordem se faz travestida de República,

Mãos de ferro, marechais de ferro,

Militares generais, no fio do tempo,

Povo ao longe, alheio à própria história,

Protagonismo travestido,

Ora se mostra e diz ao que veio,

Ora permanece nas sombras...permanece...

Manobra de cordões, manejo de grilhões,

E amalgama, molda,

Terra de Santa Cruz,

Filhos crucificados nas periferias, quilombos e florestas,

Filhos servidos...em banquete de elite,

Eterna e Vera Cruz - Brasil

DAS CHRISTUS

Num certo sentido, 

Talvez sem nenhum sentido para alguns,

Para além do monoteísmo ascendente,

O cristianismo foi revolucionário,

E ainda o é, mesmo sem o saber...

Na medida em que traz amor ao caos de Yavé,

E é completamente ateu...

Ousou destituir o próprio Deus,

Naqueles dias o Grande Outro do judaísmo, 

Para sempre negado, substituído pela carne humana, 

Deixou de existir...

Orgasmo II

Não há palavras que o possam descrever…

Corpo invadido,

Preenchido todos os espaços

E você apossou-se de mim...

Cavalo selado, cavalgadura sem fim, sem rumo certo…

De repente a comunhão, com você, com o entorno, com o universo, com Deus, com o todo absoluto…

E não há mais lugar para a razão, não há razões, racionalizações,

Não há mais nada, o nada e o tudo são um só,

E não é mais possível pensar, porque também não há mais pensamento, 

Há apenas comunhão absoluta com a existência, ou a completa inexistência.

E o abandono do corpo pela alma em êxtase.

Imagem: WEB

 

Desastres e Sistema

A chuva deve diminuir na costa do nordeste, muito estrago por lá…
Na água do Atlântico, que estava mais quente que o normal, a temperatura já voltou a cair.
Mas enfim, nossa culpa, nossa mais absoluta culpa, tanto na água quanto na terra…muita dor e desgraça…
O aquecimento da água dos oceanos vai para nossa conta, 
A exclusão e a morte sobre a terra prometida para a humanidade também…
Criamos um monstro que não podemos, ou, ao que tudo indica, não queremos controlar…
E matamos indiscriminadamente, e a nós mesmos, para preservar nossa obra de arte tão macabra…

Imagens: WEB

Anuviamento

Um descuido,
Rachaduras no Eu,
Desequilíbrios na Alma...
E de Repente...Distração...
Ideal de Eu ameaçado,
Anuviado sem sentido algum,
...Mas a razão busca o equilíbrio,
Retoma o comando...rédeas do tempo...
Encerra-se o vácuo...a porta,
Eu reconstituído,
Espera-se...
Até quando?!

Imagem: WEB