terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Alagoas

Minha estonteante terra natal!
Pedacinho de paraíso com cheiro doce de maresia,
Onde uma brisa constante circula e acaricia a pele,
Disfarçando perigosamente o poder do sol,
Escaldante e abrasador.
Ali, a docilidade e o fascismo contraíram núpcias,
Há, muito, talvez desde tempos imemoriais,
Num acordo mórbido e exterminador,
De possibilidades e humanidades.
Já não comiam a carne humana os Caetés?!
Hoje, os poderosos Caetés,
Reivindicadores dos alagados do sul,
Continuam a se banquetear,
Mas não mais puramente da carne,
Isso é refugo do processo do capital: seca, fome, miséria,
Mas da alma de suas presas, os "dóceis Caetés",
Que neste enlace, digno de uma tragédia Shakespeareana sadomasoquista,
Se complementam num gozo mortal e perene.
Um pedacinho de paraíso, repleto de verde mar,
Extensos coqueirais a se perder o olhar,
Zona da mata viçosa e caatinga, lindamente retorcida,
Onde, dócil, o artista da vida e o da arte cantam sua beleza sem igual,
E encantam, porque cumprem as determinações culturais de um Hades paradisíaco,
Sempre sob o olhar perverso e vigilante de um poder fascista,
Que os arrasta a um não pensar para além da beleza pictórica do lugar,
...e sob pena de afogamento sumário, no paraíso...
Das águas...

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