sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Amo-te

Sim, amo-te por tudo aquilo que não é...
E que para mim és,
Sem na verdade sê-lo...
Falta cortante, dilacerante, fulminante...
E tu me amas por acreditar,
Doce ilusão!
Acreditar que sou para ti o que jamais serei para nós dois,
O que no íntimo não sou sequer para mim mesmo,
O Outro é sempre o espelho daquele Um,
E aquele Um busca naquele Outro o que acredita ser seu,
Roubado, castrado, extirpado...
E que, no final das contas, nada não há...
Amo-te,
Porque carregas a marca do que não sou ,
E nunca poderei ser,
Amas-me porque te dou a ilusão do que acreditas que te falta,
Mas que, no fundo, não tenho para te dar,
Somos duas faltas complementares,
Que se iludem e se eqilibram numa doce manhã de primavera...
Doce manhã de ser...
Doce ilusão de ter.

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