terça-feira, 3 de maio de 2016

Borboletas no Cio

Meu desejo não cabe em mim, nunca coube, jamais caberá...
Não cabe em modelo algum autorizado pelo Outro,
O Outro que arranquei das entranhas há muito, muito tempo,
Eiva-se assim a nobre criatura...perversa,
Um grande avesso ao que se espera do natural do mundo,
Palavras, delicadas palavras e verbo...
Ah, minha natureza é de todas as possibilidades...
Metamorfoseei-me desde o ventre,
Livre-ventre, ventre-livre,
Liberto em um imenso frenesi...
Um pulsar estrondoso, farfalhar de asas,
Expulso do paraíso...
Expulso das ilusões do poder, do não poder, do não ser!
Vago à deriva, ao encontro da morte,
Do sempre renascer, numa imensa nau pulsional,
Incendeia-me o corpo, a alma,
Fervilha-me o ser...
Desejo, desejo-me, desejo-te...
Perceba-me!
Perceba-se!
Não somos absolutos papeis,
Somos borboletas no cio...

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